Pular para o conteúdo principal

Carta pública para o apresentador do Correio Verdade



Prezado Samuka,

Sou canadense, moro há cinco anos no Brasil, não assisto muito á televisão, mas não últimos meses querendo ou não assisti diariamente ao seu programa no refeitório da empresa onde comecei a trabalhar e estou perturbado com seu programa policial de meio-dia, sendo assim, esse é o motivo da presente carta.

Primeiramente, o programa faz da violência um ídolo mostrando e difundindo detalhes e testemunhos de crimes chocantes, sem necessidade, um pouco como faria um vampiro sedento por sangue. Tem tantas notícias edificantes, que traria conhecimento para a população no horário do almoço, locais, nacionais e internacionais que poderiam ser difundidas em lugar de tragédias quase que idolatradas. O programam faz da violência a “normalidade” e de certa forma incentiva à população como um todo. Afirmo tal, devido os comentários que ouço dos meus companheiros após assistir ao programa, comentários tais como: ‘’é isso mesmo, tinha que matar mesmo’’, ‘’é isso que dá quando mexe com drogas’’, entre outros.

Você fala que deseja mostrar a realidade, então deveria dividir a hora segundo a porcentagem do que de fato acontecem durante as 24 horas do dia. Tais como: Atividades culturais, atividades políticas, demonstrações do bem, economia, conhecimento geral e tantas outras coisas e deixar 3% do tempo para crimes, porque mesmo nas noites mais violentas de João Pessoa, essa violência não afeta mais de 3% da população.

A segunda coisa, é que o programa traz uma mentalidade de que a culpa é do outro e de pessimismo. Os mesmos comentários estão diários no programa: ‘’o que o governo está fazendo?!’’, ‘’Não tem nem um político que está vendo isso?!’’. O que vou falar não vai agradar a muitos, mas a culpa da violência é do próprio povo que é violento! Não sabe se respeitar, não sabe colocar limites! Isso não é culpa do papai governador ou do prefeito, mas das próprias escolhas e faltas de valores do povo! Quem é responsável pelos seu atos é a própria pessoa. Quando falam que a culpa é do governo, vocês trazem de volta a mentalidade de paternalismo político que vem do coronelismo. Esse paternalismo faz que as pessoas não queiram mudar, pois afinal, ‘’A culpa é do outro!’’.

Eu sei que as pessoas ficam hipnotizadas quando mostram imagens chocantes, o que é bom para as cotas de ouvintes da teledifusora, mas quero desafiar vocês a colocarem valores que possam beneficiar a sociedade antes da ganância própria. Se seu objetivo, como você afirma ser, é o bem do povo então quero lhe encorajar a pensar duas vezes porque o resultado está caminhando mais para a psicose social que outra coisa. Espero, sinceramente, que esta carta esteja encontrando ouvidos abertos, para o bem da sociedade como um todo.

Com todo o respeito,

Jérémi Lavoie.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O escafandro e a borboleta

Uma dica de filme bacana, um motivacional apesar de não ser um filme cristão.     por Juliana Dacoregio   Impossível assistir a O escafandro e a borboleta (França/EUA, 2007) e não pensar em valorizar mais a própria vida. É o pensamento mais simplista possível, mas é também o mais sábio. Eu estava com um certo receio de assistir ao filme. Sabia do que se tratava e não queria sentir o peso da tragédia daquele homem. É uma história realmente pesada. E por mais que Jean Dominique Bauby – que, baseado em sua própria história, escreveu o livro homônimo que deu origem ao filme – conseguisse rir apesar de sua situação, o riso dele faz só faz aumentar o nosso desconforto, por ficar evidente que seu rosto permanece estático enquanto há emoções em seu interior.   Bauby se viu preso em seu próprio corpo em 1995, quando sofreu um derrame que o deixou totalmente paralisado e incapaz de falar. Apesar disso ele não teve sua audição e visão afetadas e suas faculdades mentais continuar

William Barclay, o falso mestre

  O texto a seguir foi traduzido por mim, JT. Encontrado em inglês neste endereço . As citações de trechos bíblicos foram tiradas da bíblia Almeida Revista e Atualizada (ARA).     William Barclay, o falso mestre Richard Hollerman Estamos convencidos de que muitas pessoas não percebem o quão difundido o falso ensinamento está em nossos dias. Elas simplesmente vão à igreja ou aceitam ser membros da igreja e falham em ter discernimento espiritual com respeito ao que é ensinado pelo pastor, pregador ou outro "sacerdote". Elas meramente assumem que tudo está bem; caso contrário, o quartel-general denominacional certamente não empregaria uma pessoa em particular para representar sua doutrina publicamente. Esta é uma atitude desgraçadamente perigosa a sustentar, uma que nos conduzirá de forma desencaminhada e para dentro do erro. Alguns destes erros podem ser excessivamente arriscados e conduzirão ambos mestre e ouvinte à condenação eterna! Jesus nos advertiu sobre os farise

O natal por Ed René kivitz

O Natal não é um só: um é o Natal do egoísmo e da tirania, outro é o Natal da abnegação e da diaconia; um é o Natal do ódio e do ressentimento, outro é o Natal do perdão e da reconciliação; um é o Natal da inveja e da competição, outro é o Natal da partilha e da comunhão; um é o Natal da mansão, outro é o Natal do casebre; um é o Natal do prazer e do amor, outro é o Natal do abuso e da infidelidade; um é o Natal no templo com orquestra e coral, outro é o Natal das prisões e dos hospitais; um é o Natal do shopping e do papai noel, outro é o Natal do presépio e do menino Jesus. O Natal não é um só: um é o Natal de José, outro é o Natal de Maria; um é o Natal de Herodes, outro é o Natal de Simeão; um é o Natal dos reis magos, outro é o Natal dos pastores no campo; um é o Natal do anjo mensageiro, outro é o Natal dos anjos que cantam no céu; um é o Natal do menino Jesus, outro é o Natal do pai dele. O Natal de José é o instante sublime quando toma no colo o Messias. A partir daquela primei