A rádio educativa local, já há algum tempo, apresenta declamações de poemas de poetas não só da terra como também de vários lugares do mundo várias vezes durante a programação diária, e um dia desses ouvi o belíssimo poema que reproduzo abaixo. Veja se não parece uma oração.
Que farás, Deus?
O que farás, Deus, se eu morrer?
Sou tua jarra (e se eu quebrar?)
Sou tua poção (e se eu estragar?)
Sou tua veste e tua missão.
Sem mim perdes o teu sentido.
Sou tua jarra (e se eu quebrar?)
Sou tua poção (e se eu estragar?)
Sou tua veste e tua missão.
Sem mim perdes o teu sentido.
Sem mim não terás casa, onde
palavras, íntimas e quentes, te abriguem.
Cairá dos teus pés cansados
a sandália aveludada que eu sou.
Teu grande manto te desnudará.
Teu olhar, que minha face acolhe,
quente como um travesseiro,
virá me procurar por muito tempo
e se aninhará entre pedras,
ao pôr-do-sol.
O que farás, Deus? Tenho medo.
Rainer Maria Rilke
In Senhor, é tempo
Tradução de Karlos Rischbieter
Achei no blog Gotas de Poesias e Outras Essências
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