Por Dom Robinson CavalcantiA eleição presidencial teve todos os lances mesmo de pleito para prefeito dos grotões do interior, não somente no tipo de promessas feitas, mas na baixaria que correu solta na mídia e na globoesfera em termos de ataques pessoais, calúnias morais e demonização religiosa. Esse é um aspecto decepcionante, e indica quão longe o Brasil se encontra ainda de uma democracia consolidada. Tivemos um “reavivamento” da satanização das eleições de 1989 e de 1994, apenas trocando de “diabo” (onde se liaLula, leia-se: Dilma).
As invencionices mirabolantes no plano moral e no plano religioso indicam a pobreza da ausência de partidos fortes, ideologias nítidas e programas claros e objetivos para o julgamento dos eleitores, que é o que, no fundo, interessa para uma boa gestão da coisa pública, para a afirmação da cidadania, e para a promoção do bem-comum.
O mais lastimável foi ver o papelão de muitos evangélicos envolvidos nessas demonstrações de subdesenvolvimento político. As igrejas históricas, retraídas, já foram, no passado recente, submetidas a uma “amnésia compulsória” quanto ao pensamento e a ação desenvolvida no passado em nosso País, com exemplos notáveis de uma minoria discriminada com uma presença significativa.
Muitas dessas igrejas sofreram influência nas últimas décadas do fundamentalismo e a importação da polarização norte-americana. Os pentecostais saíram do gueto e da aversão à política para uma presença desordenada e pragmática, sem uma reflexão teológica adequada, e ainda obstaculados por sua escatologia pessimista, não conseguindo superar o corporativismo clientelista, apanágio generalizado de seus concorrentes neo(pseudo)pentecostais.
Com uma cultura política limitada, muitos evangélicos, de diversas denominações, foram presas fáceis e massa de manobra para políticos espertalhões (e líderes religiosos comprometidos com essa experteza). O resultado, em termos do que circulou, principalmente pela internet, foi vergonhoso. Uma coisa é certa: a comunidade evangélica se apequenou nesse pleito e saiu arranhada em sua imagem e credibilidade.
É hora de saco e cinza, de autocrítica, de arrependimento, de iluminação do pensamento pelo Espírito da Verdade, para que, nas futuras eleições, nosso quantitativo se relacione com o qualitativo, e possamos dar um testemunho maduro, que concorra para o bem da Pátria terrena. E que essas “guerras (nada) santas” seja apenas uma lamentável página do passado a ser esquecida.
Fonte: www.dar.org.br
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