Pular para o conteúdo principal

Retrato da realidade do jovem brasileiro

Sonhos, medos, vontades, dúvidas e certezas do jovem brasileiro. Com esse ambicioso título, a Folha de S.Paulo divulgou o perfil da geração entre 16 e 25 anos. A pesquisa do Datafolha fez 120 perguntas a 1.541 entrevistados, em 168 cidades do País e, com base nos resultados, traçou um retrato de 35 milhões de pessoas (19% da população), sobre as quais repousam as esperanças de um futuro melhor para o País.
 
Dois dados são desanimadores. Enquanto parcelas de 21% e 17% consideram a violência como o maior problema, respectivamente, do mundo e do País, apenas 1% sonha com um mundo em paz. Sinal de acomodação, de aceitação passiva da realidade? Os números provocaram indagações e opiniões amargas, sintetizadas com perfeição numa manchete de página interna do mesmo suplemento, que proclama: "A economia soterrou o sonho".
 
O dado principal para o desânimo é o valor dado à soma dos quesitos trabalhar/formar-se numa profissão, ter emprego, ter negócio próprio e ser bem-sucedido, que se aproxima do índice de 40%. Isso mesmo: a carreira profissional e a renda dela advinda (com tudo que representa em conforto, segurança, etc) é a aspiração de menos da metade dos jovens brasileiros que, quanto ao grau de ensino, se dividem em fundamental (22%), médio (63%) e superior (14%). Na faixa dos 16 e 17 anos, uma maioria de 34% tem como aspiração formar-se numa profissão, enquanto o maior desejo, para os que têm entre 22 e 25 anos é a realização profissional (17%). Anseios compreensíveis de ascensão social e econômica, quando se leva em conta que 73% dos jovens vivem em famílias com renda abaixo dos cinco mínimos. Mas o que fazem e como planejam concretizar seus objetivos? Mais da metade (54%) estuda e aqui surge um dado interessante (pelo menos na quantidade): 91% dos garotos de 16 e 17 anos estão na escola. Mas a ducha de água gelada vem em seguida: 54% dos jovens repetiram de ano - um fracasso ainda mais grave quando se considera a baixíssima qualidade do sistema educacional brasileiro e as frágeis provas escolares de avaliação. Em outras palavras, esses lamentáveis 54% levantam uma dúvida: o que aconteceria se as escolas oferecessem ensino de melhor qualidade, com maior exigência e professores melhor capacitados? A pesquisa do Datafolha não só lança luz sobre uma realidade cinzenta, mas também mostra a necessidade de se oferecer aos jovens meios eficazes para que possam conquistar seus sonhos. Alguns depoimentos publicados no suplemento traduzem a saga dos que buscam o primeiro emprego, tendo de enfrentar, já de início, uma taxa de desemprego que abarca quase metade dos jovens entre 16 e 25 anos. Em seguida, vêm as alegadas falta de experiência profissional e de competências indispensáveis para quase todas as vagas - conhecimentos de informática e de outro idioma -, além de atitudes como disciplina, vontade de aprender, trabalho em equipe. Outra pesquisa, esta do instituto TNS InterScience, mostra que o estágio é um promissor caminho para milhares de estudantes que conseguiram treinamento prático em empresas: 64% dos estagiários do CIEE conquistam a tão sonhada carteira assinada. Sem considerar seu valor como fator de desenvolvimento pessoal, educacional e profissional dos novos talentos, o estágio merece o lugar que conquistou na mente e corações dos estudantes. E que, felizmente, vem ocupando no planejamento estratégico de um número crescente de empresas.
 
Luiz Gonzaga Bertelli (presidente executivo do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) e diretor da Fiesp) Na Gazeta Mercantil via Yahoo! Notícias.

Comentários

Rodrigo Moreira disse…
É lamentável ver que o jovem brasileiro não tem como objetivo principal conhecer a Deus.E o pior este é um retrato da grande maioria dos jovens no mundo.
Rodrigo F. Moreira

Postagens mais visitadas deste blog

William Barclay, o falso mestre

  O texto a seguir foi traduzido por mim, JT. Encontrado em inglês neste endereço . As citações de trechos bíblicos foram tiradas da bíblia Almeida Revista e Atualizada (ARA).     William Barclay, o falso mestre Richard Hollerman Estamos convencidos de que muitas pessoas não percebem o quão difundido o falso ensinamento está em nossos dias. Elas simplesmente vão à igreja ou aceitam ser membros da igreja e falham em ter discernimento espiritual com respeito ao que é ensinado pelo pastor, pregador ou outro "sacerdote". Elas meramente assumem que tudo está bem; caso contrário, o quartel-general denominacional certamente não empregaria uma pessoa em particular para representar sua doutrina publicamente. Esta é uma atitude desgraçadamente perigosa a sustentar, uma que nos conduzirá de forma desencaminhada e para dentro do erro. Alguns destes erros podem ser excessivamente arriscados e conduzirão ambos mestre e ouvinte à condenação eterna! Jesus nos advertiu sobre os fa...

O escafandro e a borboleta

Uma dica de filme bacana, um motivacional apesar de não ser um filme cristão.     por Juliana Dacoregio   Impossível assistir a O escafandro e a borboleta (França/EUA, 2007) e não pensar em valorizar mais a própria vida. É o pensamento mais simplista possível, mas é também o mais sábio. Eu estava com um certo receio de assistir ao filme. Sabia do que se tratava e não queria sentir o peso da tragédia daquele homem. É uma história realmente pesada. E por mais que Jean Dominique Bauby – que, baseado em sua própria história, escreveu o livro homônimo que deu origem ao filme – conseguisse rir apesar de sua situação, o riso dele faz só faz aumentar o nosso desconforto, por ficar evidente que seu rosto permanece estático enquanto há emoções em seu interior.   Bauby se viu preso em seu próprio corpo em 1995, quando sofreu um derrame que o deixou totalmente paralisado e incapaz de falar. Apesar disso ele não teve sua audição e visão afetadas e suas faculdade...

O Natal por Caio Fábio

NATAL CONFORME A NATA DE CADA ALMA Paulo disse que não era mais para se guardar festas religiosas como se elas carregassem virtude em si mesmas. Assim, as datas são apenas datas, e as mais significativas são aquelas que se fizeram história, memória e ninho em nós. Ora, o mesmo se pode dizer do Natal, o qual, na “Cristandade”, celebra o “nascimento de Jesus”, ou, numa linguagem mais “teológica”, a Encarnação. No entanto, aqui há que se estabelecer algumas diferenciações fundamentais: 1. Que Jesus não nasceu no Natal, em dezembro, mas muito provavelmente em outubro. 2. Que o Natal é uma herança de natureza cultural, instituída já no quarto século. De fato, o Natal da Cristandade, que cai em dezembro, é mais uma criação de natureza constantiniana, e, antes disso, nunca foi objeto de qualquer que tenha sido a “festividade” da comunidade dos discípulos originais. 3. Que a Encarnação, que é o verdadeiro natal, não é uma data universal — embora Jesus possa ter nascido em outubro —, mas sim um...