Pular para o conteúdo principal

DEUS: o transcendente em parte revelado

dramatic deep blue cloudscape, brightly lit in some places Fico olhando ao meu redor, e encantado, percebendo duas coisas essenciais: a sutileza de cada uma das coisas que carregam as mais singelas expressões de Deus e a transitoriedade da vida.

Não compactuo com as teses panteístas, [panenteístas?] não é sobre isso que eu gostaria de falar. O que eu quero é utilizar-me daquilo que os seres humanos dizem ser Deus, como são frágeis e quase que contraditórias as características sob as quais de alguma forma bricolamos para constituir a "face de Deus". A tentativa de imagetizar é o esforço para a “visualização” do que seria "o verdadeiro Deus". Acho que o denominacionalismo presente hoje caricaturiza bem isso que eu quero dizer. Triste é que Deus fica refém dos pincéis de cada uma das denominações. Cada um(a) pinta Deus nas telas da vida eclesiástica, o que influencia diretamente o cotidiano, de acordo com sua cosmologia, por exemplo, contexto... etc.. São tantos os detalhes que tentam aprisionar de alguma maneira a verdadeira fisionomia de Deus... e Deus vai ficando refém (ou pelo menos pensamos que sim)... também do humor das pessoas, das filosofias, ideologias pessoais, e coisas assim. Um Deus muito particularizado e personalizado, adequado aos dogmas (desejos) de cada pessoa-instituição.

Em contrapartida, vejo os seres humanos constantemente se surpreendendo, e muitos se frustrando. A cada dia descobrem uma outra característica de Deus, e que quase sempre rompe com a antiga “fisionomia divinizada do Deus pintado” – Deus nos dá a oportunidade, o privilégio, da surpresa. A cada dia Ele mesmo nos mostra o quanto somos pequenos diante de sua criação, diante de sua majestade.

Uns dizem: Deus não existe!! Outros dizem: agora descobrimos Deus!! E outros ainda se denominam: "caçadores de Deus”, e outros mais absolutistas dizem que: “Deus é!”, como se já tivessem conquistado "o Deus caçado [dos caçadores de Deus]". Sinceramente não sei mensurar o tamanho do vazio presente em cada uma dessas afirmações. Prefiro ficar com as afirmações de fé da Bíblia: “em parte conhecemos...”. O Deus que nos surpreende é belo, não se deixa capturar; o Jó da Bíblia aprendeu isso dialogando com Ele, com o transcendente.

Que tal se hoje parássemos para refletir sobre como são frágeis as nossas afirmações, aquelas que absolutizadas acabam por reprimir e construir estruturas tão transitórias e portanto frustrantes – geradoras de esquizofrenia. Talvez refletindo possamos nos tornar mais humanos, responsáveis pelos nossos próprios atos, mais humildes em reconhecer nossas faltas. Erramos tanto quanto qualquer um outro ser humano erra. Deveríamos idolatrar menos “a imagem” do Deus que os humanos criaram em seus processos institucionalizadores, imaginário; nisso consiste o grande pecado. Deveríamos estar abertos ao Deus que é amor e nos chama ao compromisso com a nossa humanidade, ao cuidado com a vida.

Fico pensando o quanto ainda iremos nos surpreender, e outros se frustrar. Que no fim de tudo, ou pelo menos quando ele chegar para cada um de nós (o fim), tenhamos a oportunidade de descansar em paz nos braços desse Deus: infinito e transcendente, ainda em parte revelado, que nos convida à vida eterna, à plenitude dos tempos.

Esse é o meu desejo, mas também não saberia quantificar o tamanho do vazio presente nesse texto, então, o que me resta senão viver. Uns dizem que ele se vitimiza e se utiliza da dialética (criada pelo demônio) para as relativizações... eu diria que não... eu diria que eu penso sobre cada detalhe, eu vivo os detalhes.

O que me resta? Olhar para trás para viver bem o presente, e lançar-me ao futuro esperançoso de que dias melhores virão... porque "O que era" (em parte) será plenamente revelado.

Abraços amigos.

ALFJr. em Reflexões Teológicas/Libertos para pensar... // Imagem de 123 Royalty Free

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

William Barclay, o falso mestre

  O texto a seguir foi traduzido por mim, JT. Encontrado em inglês neste endereço . As citações de trechos bíblicos foram tiradas da bíblia Almeida Revista e Atualizada (ARA).     William Barclay, o falso mestre Richard Hollerman Estamos convencidos de que muitas pessoas não percebem o quão difundido o falso ensinamento está em nossos dias. Elas simplesmente vão à igreja ou aceitam ser membros da igreja e falham em ter discernimento espiritual com respeito ao que é ensinado pelo pastor, pregador ou outro "sacerdote". Elas meramente assumem que tudo está bem; caso contrário, o quartel-general denominacional certamente não empregaria uma pessoa em particular para representar sua doutrina publicamente. Esta é uma atitude desgraçadamente perigosa a sustentar, uma que nos conduzirá de forma desencaminhada e para dentro do erro. Alguns destes erros podem ser excessivamente arriscados e conduzirão ambos mestre e ouvinte à condenação eterna! Jesus nos advertiu sobre os fa...

Deus pegou no meu bilau

Bom pessoas e mudando um pouco de assunto, deixo pra vocês um texto muito bom do Marcos Botelho , leia e não esqueça de comentar. É lógico que você ficou escandalizado com o título desse artigo, não era para ser diferente, você é um brasileiro que cresceu com toda cultura e tradição católica latino americana onde os órgãos sexuais são as partes sujas e vergonhosas do corpo humano. Mas não é assim que Deus vê e nem que a bíblia fala do seu e do meu órgão sexual, a bíblia está cheia de referências boas sobre o sexo e sobre os órgãos sexuais, mesmo percebendo claramente que os tradutores tentaram disfarçar. Na narração de Gênesis 2.7 vemos Deus esculpindo o homem do barro, isso foi um escândalo para os outros povos e religiões, principalmente para os gregos que acreditavam que nenhum deus poderoso poderia tocar na matéria, principalmente no barro como um operário fazia. Hoje não temos a dificuldade de acreditar que Deus, na criação, sujou a mão de barro, mas temos tremenda dificuldade d...

O que aprendi com Esaú

Por Gonzaga Soares Gosto dos coadjuvantes da bíblia. Me identifico com eles, não sei ao certo o motivo. Talvez por não estarem sob os holofotes da trama, na qual figuram em plano secundário. Na historia dos gêmeos bíblicos, o foco narrativo é centrado em Jacó, restando a Esaú o papel de coadjuvante na trama de seu irmão. Todos conhecem a historia de Jacó, um relato bíblico cheio de intrigas, trapaças, traições e temor. Desde da primeira vez que li o texto bíblico, simpatizei com Esaú, que diante da traição da mãe e do irmão, sempre demostrou um caráter admirável. E como em um filme ou romance literário em que você torce pelo mocinho, que sofre com as maldades do vilão, eu torcia para que no final da história Esaú desse uma boa sova em Jacó. No entanto, o final da história é surpreendente e contraria todos os romance e filmes, em uma manifestação de pura graça.  Quando Jacó resolve regressar do seu exílio de vinte anos imposto pelo pecado que cometera contr...