Quem ora por costume o faz de duas formas: com vigor, por ocasião da vaidade; ou com sonolência, pela falta de demanda. Só as crianças e os santos oram bem. As crianças, por necessitarem de pão; e, os santos, por necessitarem de Deus. Quem dedica música ou oração a Deus de outra forma, mente!
Disseram que, no Jardim, o mestre acordou os discípulos protestando o sono preguiçoso. Mas não foi bem isso o que aconteceu. O que entristecia a Jesus é que, estando Ele em evidente aflição, não o viam como necessitado. Pesavam-lhes os olhos não pelo sono profundo, mas pela pela tentação de não enxergar.
Desde que a Bíblia começou a relatar as peripécias da humanidade, percebe-se que, quanto mais aguda é a dor de Deus, menos urgente é a oração dos homens. Tal qual a atitude de Judas no Getsêmani, é na angústia do Altíssimo que os homens encontram ocasião para a vaidade.
A exemplo do discípulo traidor, são muitos os que, tendo recebido graça, dons e talentos, gradualmente atam aos próprios olhos, véus de ilegítimas paixões. De todos os véus que conheço, o mais espesso e perigoso é o da fama do artista.
A música estandardizada e as preces recitadas com exageros teatrais encobrem a pobreza de relacionar-se com Deus por meio de uma convivência sobrenaturalmente técnica. O agir piegas da celebridade não tem outra serventia a não ser a de manter o comércio, oculto nas entranhas de tudo o que faz.
O mal, quando feito inconscientemente é pecado; se feito conscientemente é um pecado ainda maior, assim como é pecaminoso o bem que é feito por vaidade.
A bondade praticada naturalmente é Divina, de forma que só Deus, os santos e as crianças fazem o bem divinamente. E estes se entendem através de lindas canções e orações necessitadas.
Por Wagner Archela
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