Certa vez, fui em um retiro em Curitiba em que um dos ministros de louvor alertou o pessoal para que se abrisse um corredor para Jesus entrar. Algum tempo depois, em uma breve reflexão, comecei a perceber que um ato com esse parece, em princípio, demonstrar muita "fé", porém, é exatamente o oposto que ocorre: incredulidade.
Ora, Jesus não disse que "onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estarei no meio deles"? Essa é uma promessa feita pelo próprio Deus! Se todos estávamos reunidos, louvando a Deus, em nome do Cristo, faz sentido dizer que Jesus estava por chegar? Mas é a ânsia do homem pós-moderno, que quer sentir, que precisa tocar, que não crê enquanto não vê. É o "ver para crer".
Os prejuízos que decorrem dessa incredulidade são imensos! Basta olharmos para a atual situação das igrejas neo-petencostais. Apenas para esclarecer: não quero ser o cara que apenas critica, mas sim o que se preocupa, ora e ajuda. Tenho tantas ou mais falhas do que eles. Não me entendam mal. Mas, aqui fica o conselho:
E é claro que a presença de Deus não é o mesmo que a sensação da presença de Deus. Esta pode ter origem na imaginação; aquela pode ser vivida sem nenhuma "consolação sensível". O Pai não estava de fato ausente quando Jesus disse: "Por que me abandonaste?". Vemos aí o próprio Deus, como homem, submetido à sensação humana de ser abandonado. A verdadeira comparação, no nível natural, parece estranha para ser dita por um homem solteiro a uma senhora, ao mesmo tempo, porém, é por demais ilustrativa para não ser usada. O ato que gera uma criança deve ser, e em geral é, praticada por prazer. Todavia, não é o prazer que gera a criança. Onde há prazer pode haver esterilidade; onde não há prazer, o ato pode ser fértil. No casamento espiritual entre Deus e a alma, ocorre o mesmo. É a presença real, não a sensação da presença, do Espírito Santo que gera Cristo em nós. A sensação da presença é um dom formidável, e agradecemos quando recebemos, e só isso.
C.S. Lewis - Cartas a uma senhora americana
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