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10 anos da morte do meu irmão

Observação: algumas partes do texto podem parecer ter erros de português em virtude do texto ser uma tradução a partir de outro idioma.
 
 
Por: Bruno Lobo
 
Sei que até hoje nunca falei sobre ele, mas hoje me lembrei dele e resolvi expor uma das histórias mais íntimas e marcantes que chocaram minha vida.

Sempre fui extremamente relapso em relação a família, relacionamentos, compromissos e coisas que a maioria das pessoas são ligadas. Conheci meus irmãos muito recentemente e tudo em relação a família é uma descoberta diária. Em um desses dias eles me contaram sobre um irmão mais velho que nunca conheci e, junto com essa descoberta veio a triste fala de que o mesmo havia sido assassinado.

Pensa, em sua pele, duas grandes notícias: uma te faz pular de alegria por descobrir alguém que compartilhou do mesmo sangue e, a outra de que nunca verá pessoalmente em vida este alguém.
Punk! Com minhas palavras quero falar sobre aquele dia. Ou melhor, a partir de alguns dias antes. Conforme meus irmãos me contaram:

Na semana de 10 a 20 de janeiro de 1999 meu brotherzinho estava extremamente empolgado a participar de um acampamento da igreja e, no dia 20 ele e mais cento e poucas crianças foram para um tipo de "Acampadentro", uma espécie de acampamento dentro de um local - tipo igreja, escolas, universidades, etc. - dentro da Universidade da cidade. Foram dias maravilhosos, uma palavra sobre ser um "Soldado de Cristo". Fiquei imaginado os pensamentos do meu irmãozinho sonhando acordado em meio a tamanha presença de DEUS.

Quando o acampa acabou, ele e seus amigos arrumavam as coisas para irem embora. Como algumas crianças tinham dificuldade para voltarem para suas casas, alguns responsáveis pelo evento foram tentar conseguir uma carona no posto militar próximo.

Meu irmão talvez agoniado com a demora das pessoas que nunca retornaram foi olhar pela janela do saguão da universidade e viu pessoas gritando no portão. com os olhos arregalados tentando compreender o motivo do tumulto ouviu o responsável do acampa falar para esconder as crianças menores nos cômodos e se esconderem depois. Nesse momento conseguiu decifrar o que a multidão gritava e, com certeza entendeu que aquelas pessoas odiavam cristãos.

Se esconderam como puderam. Ouviu a porta do saguão ceder aos solavancos a ela dispensados. Ouviu o tumulto se aproximar. Certamente a oração constante se tornara uma súplica inexplicável. Um dos homens o achou. Obteve a sua certeza: toda aquela confusão era porque eles eram cristãos. Arrastado para o saguão viu outros amigos que foram descobertos. Por um momento agradeceu por outros terem escapado e, na metade da oração, sentiu o calor da face do homem perto da sua dando solavancos em seu corpo.

Começou a ser espancado severamente como se tivesse o porte físico daqueles homens. Até que depois de tamanha violência o homem se aproximou e perguntou: Quem é você?

- Sou um soldado de Cristo.

A resposta inusitada enfureceu aquele homem que odiava a Cristo e qualquer um que o seguisse. O homem empunhando um machado acertou o braço do meu irmão a ponto de quase decepá-lo.

- Quem é você?

- Sou um soldado de Cristo.

O machado encontrou o outro braço do meu irmão. Imagino os gritos e as lágrimas que meu brotherzinho deve ter derramado.

- O que é um soldado de Cristo? - Um soldado de Cristo está disposto a morrer por Ele!

Dessa vez o machado encontrou sua barriga, o homem cortou-lhe a garganta e arrastou seu corpo para fora jogando em cima do de outro jovem que já estava desfalecido lá.

Bom, ninguém gosta muito de lembrar-se de casos de assassinato ou morte em sua família. Mas, a história do meu irmãozinho, que só tinha 15 anos quando o fato ocorreu, impactou tanto a minha vida e o meu cristianismo que absolutamente não contar sua história é um pecado de negligência.

Ainda soube recentemente que tenho outro irmão preso na Índia, duas irmãs no Irã foram presas também, outros sequestrados na Colômbia. E o que mais me faz chorar de raiva de mim mesmo é AINDA não ter dinheiro o suficiente para comprar uma passagem e ir até lá ficar com eles. Mesmo assim nunca abandonaria alguém que tem o mesmo sangue que eu. Orar, escrever e contar para vocês deles é a parte que me cabe hoje sendo da família.

Não quero escrever "morais" sobre histórias tão lindas que dispensam explicações. Só quero te perguntar algo:

- E você, sabe aonde e como estão seus irmãos?
.
Essa história é sobre o pequeno mártir Roy Pontoh.

Texto extraído e adaptado do blog Fio da Rabiola, de Bruno Lobo, que pertence a um dos voluntários do underground

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