Pular para o conteúdo principal

Por que eu não seria um evangélico


...caso eu já não fosse um deles.

A cada dia me envergonho mais de ser um evangélico, e creio que grande parte seja causada pelo sentimento de vergonha alheia. Que fique bem claro que eu não me envergonho de ser um Cristão, de seguir o estilo de vida proposto pelo maior revolucionário de todos os tempos. Que se saiba também que eu não estou apostatando da fé, mas estou é desistindo, aos poucos de ser um evangélico, de seguir modelos ultrapassados, de receber continuamente um convite à alienação, e ver que a última coisa que se faz na maioria das igrejas evangélicas é cultuar o nome de Deus por intermédio do exemplo do Cristo.

Cito abaixo algumas rasões pelas quais, caso eu já não fosse um destes, eu não me tornaria um evangélico.

1. Por que não nos cansamos de pregar o mesmo evangelho da benção, o mesmo evangelho da prosperidade, nos esquecemos do evangelho da compaixão, da caridade, nos esquecemos que a maior mensagem é a do amor. Aliás,até nos lembramos do amor, do insano amor ao dinheiro, e vamos enxendo nossos templos, inflando nossos egos e comprando mais e mais horários na tv e no rádio para anunciar ao mundo o nosso deturpado evangelho.

2. Por que os santos evangélicos abdicamos do exercício de nossa suposta santidade quando a coisa diz respeito a conviver com o diferente. Por que nós pregamos sobre a passagem do bom samaritano mas sempre nos comportamos como levita e o sacerdote omisso. Achamos linda a maneira com a qual Jesus realizava milagres entre prostitutas e leprosos, mas não conseguimos fazer o mesmo com os excluídos desse tempo.

3. Por que os evangélicos sabemos que para Deus não importa o lugar da adoração, se é em Samaria ou em Jeruzalém, mas continuamos a ensinar que para adorar de verdade tem que ser na igreja, com fundo musical com bastante glória e aleluia e ainda chamamos isso de verdadeira adoração.

4. Por que fazemos de nossos cultos verdadeiros shows, um espetáculo recheado de histerias, com direito a saltos, gritos, momentos intermináveis falando em línguas estranhas e ainda olhamos para quem não o faz como se ele fosse um estranho.

5. Por que sempre pregamos dizendo “Essa é uma verdade que a bíblia nos revela” quando queremos que dêem atenção ao que estamos falando, mas no fim das contas quase nunca damos a devida atenção a Cristo que é a verdade revelada.

6. Por que usamos para símbolos de nossas igrejas sempre uma pomba, um foguinho, uma espada, uma sarça e coisas parecidas e esquecemos que o simbolo maior é a cruz, onde foi consumada uma história de dedicação pelo outro em amor, protagonizada por Jesus.

7. Por que somos sectaristas, não aceitamos o cristianismo dos católicos, não aceitamos o cristianismo das outras denominações e muitas vezes não aceitamos o cristianismo do irmão sentado ao lado de nós no templo.

8. Por que citicamos a idolatria aos santos, não conseguimos muitas vezes enxergar a arte nas esculturas e pinturas da ICAR. Mas além disso, nós mesmos somos muitas vezes os maiores idólatras, pois quando não exaltamos a Paipóstolos e bispos a torto e a direito, criamos modelos infalíveis de contato com deus e a esses modelos adoramos.

9. Por que teimamos, em nossa ilusão religiosa, em achar que há duas classes de pessoas, os bons e os maus, e que os bons são os que são parecidos conosco, e os maus todo o restante.

10. Por que crêmos numa conversão que é expressa em abandonar memórias, acontecimentos prazerosos do passado, e mais ainda, transformamos toda e qualquer forma de prazer em pecado, e a cada dia vamos inventando pecados novos, vivendo na graça mas se deleitando na lei por detrás da moita. E nesse modelo de conversão nem mesmo nós sabemos ao certo do que estamos nos libertando.

E quem me dera se eu tivesse lido isso antes de levantar a mão e dizer aceito.

Fonte: Nilton de Freitas, no blog Not-lin

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

William Barclay, o falso mestre

  O texto a seguir foi traduzido por mim, JT. Encontrado em inglês neste endereço . As citações de trechos bíblicos foram tiradas da bíblia Almeida Revista e Atualizada (ARA).     William Barclay, o falso mestre Richard Hollerman Estamos convencidos de que muitas pessoas não percebem o quão difundido o falso ensinamento está em nossos dias. Elas simplesmente vão à igreja ou aceitam ser membros da igreja e falham em ter discernimento espiritual com respeito ao que é ensinado pelo pastor, pregador ou outro "sacerdote". Elas meramente assumem que tudo está bem; caso contrário, o quartel-general denominacional certamente não empregaria uma pessoa em particular para representar sua doutrina publicamente. Esta é uma atitude desgraçadamente perigosa a sustentar, uma que nos conduzirá de forma desencaminhada e para dentro do erro. Alguns destes erros podem ser excessivamente arriscados e conduzirão ambos mestre e ouvinte à condenação eterna! Jesus nos advertiu sobre os farise

O escafandro e a borboleta

Uma dica de filme bacana, um motivacional apesar de não ser um filme cristão.     por Juliana Dacoregio   Impossível assistir a O escafandro e a borboleta (França/EUA, 2007) e não pensar em valorizar mais a própria vida. É o pensamento mais simplista possível, mas é também o mais sábio. Eu estava com um certo receio de assistir ao filme. Sabia do que se tratava e não queria sentir o peso da tragédia daquele homem. É uma história realmente pesada. E por mais que Jean Dominique Bauby – que, baseado em sua própria história, escreveu o livro homônimo que deu origem ao filme – conseguisse rir apesar de sua situação, o riso dele faz só faz aumentar o nosso desconforto, por ficar evidente que seu rosto permanece estático enquanto há emoções em seu interior.   Bauby se viu preso em seu próprio corpo em 1995, quando sofreu um derrame que o deixou totalmente paralisado e incapaz de falar. Apesar disso ele não teve sua audição e visão afetadas e suas faculdades mentais continuar

O natal por Ed René kivitz

O Natal não é um só: um é o Natal do egoísmo e da tirania, outro é o Natal da abnegação e da diaconia; um é o Natal do ódio e do ressentimento, outro é o Natal do perdão e da reconciliação; um é o Natal da inveja e da competição, outro é o Natal da partilha e da comunhão; um é o Natal da mansão, outro é o Natal do casebre; um é o Natal do prazer e do amor, outro é o Natal do abuso e da infidelidade; um é o Natal no templo com orquestra e coral, outro é o Natal das prisões e dos hospitais; um é o Natal do shopping e do papai noel, outro é o Natal do presépio e do menino Jesus. O Natal não é um só: um é o Natal de José, outro é o Natal de Maria; um é o Natal de Herodes, outro é o Natal de Simeão; um é o Natal dos reis magos, outro é o Natal dos pastores no campo; um é o Natal do anjo mensageiro, outro é o Natal dos anjos que cantam no céu; um é o Natal do menino Jesus, outro é o Natal do pai dele. O Natal de José é o instante sublime quando toma no colo o Messias. A partir daquela primei