Continuando com os posts tratando do tema Igreja Emergente (veja outros posts do Mural usando a ferramente de busca aí na barra lateral do blog), trazemos agora uma entrevista com Brian McLaren, um expoente do movimento emergente.
No início dos anos 1990, o pastor, escritor e conferencista Brian McLaren agregou pessoas para o que chama de “conversações” – na verdade, a busca por uma nova forma de ser e fazer a Igreja de Cristo fora dos grandes ministérios institucionalizados que já então cresciam a todo vapor. Fundador da Cedar Ridge Communtity Church, uma congregação não-denominacional situada na cidade americana de Baltimore, ele se tornou expoente do movimento emergente, do qual já falou para platéias da Europa, da América Latina e da África, sempre enfatizando a discussão sobre pós-modernismo, liderança, crescimento e implantação de igrejas.
Agora, diante da evidente mudança na direção da maré, McLaren tem sido mais cauteloso na apologia do movimento. “As igrejas não devem defender suas idéias como uma verdade absoluta”, pontifica. “Mas não é só porque a Igreja Emergente interpreta alguns princípios bíblicos de maneira diferente que ela está errada ou é herege.” Brian McLaren concedeu a seguinte entrevista a CRISTIANISMO HOJE:
BRIAN MCLAREN – Realmente, eu não gosto de usar o termo Igreja Emergente. Minha ênfase é na conversação. Mas eu penso que essa conversação – ou qualquer que seja o nome usado para descrevê-la – tem que ter vida. As pessoas precisam de liberdade para fazer novas perguntas e olhar de modo fresco as Escrituras, a fim de obter novas percepções. Tem havido dúvidas acerca da rotulação em si. Para muitas pessoas, o termo “emergente” lhes tem permitido permanecer no mundo evangélico. Mas para outros que estão de fora da discussão, essa denominação é sinônimo de uma teologia herege ou um modismo cultural.
A enorme disseminação de informações sobre o movimento pela internet não favorece abordagens equivocadas?
Bem, a internet permite que qualquer pessoa diga qualquer coisa e isso fica instantaneamente disponível pelo mundo. Então, muitas pessoas dizem muitas coisas – algumas, menos verdadeiras que outras. A verdade é que muitos grupos diferentes acreditam estar cem por cento certos sobre tudo e acham que precisam proteger seus pontos de vista, expondo o que os outros pensam de modo diverso. Então, eles têm sido enfáticos em dizer que muitos de nós estamos levantando novas questões e abordando nossa fé de modo diferente. Mas é claro que ser diferente não significa estar sempre certo ou sempre errado...
A Igreja Emergente é uma tendência irreversível?
Acho que existem muitos movimentos relacionados à Igreja Emergente que fazem parte de algo maior, como muitas ondas que fazem parte de uma maré crescente. E esses movimentos têm se desenvolvido independentemente, no Reino Unido, na Europa, na América Latina, África, Ásia – e, claro, na América do Norte. Em muitos aspectos, a América Latina tem sido o berço de vários valores fundamentais e boas ideias. Pessoas como René Padilla, que começaram falando sobre o Evangelho do Reino de Deus décadas atrás, e grupos como La Red del Camiño, para mim, são os pioneiros nesse movimento global maior.
Mas não falta uma interação maior entre esses grupos independentes?
O que precisa acontecer nos anos seguintes é que muitas diferentes redes formadas pelo mundo precisam se conhecer pessoalmente. O que a gente precisa é de uma verdadeira conversação global. E isso parece estar começando.
Na sua opinião, qual é o futuro da Igreja Cristã?
Em relação ao futuro da Igreja, eu penso que a resposta mais certa é aquele ítem que consta de muitas provas: “Todas as alternativas acima”. Veja – sempre existirão igrejas fundamentalistas em desenvolvimento, igrejas liberais em desenvolvimento e mega-igrejas em desenvolvimento. Para mim, a forma de igreja é bem menos importante do que sua mensagem e missão. E talvez a maneira como nós tradicionalmente expressamos o Cristianismo esteja mesmo em crise; mas o futuro traz consigo novas expressões de fé tão eficientes, fiéis, significativas e transformadoras do mundo como aquelas conhecidas até agora. Meu desejo profundo é que a Igreja do futuro redescubra as boas notícias de Jesus sobre o Reino de Deus, e que essa mensagem revolucione as igrejas em todas as formas. Assim, ela será uma comunidade de missão integral. Uma missão que busca a transformação da sociedade fazendo justiça, amando a bondade e andando humildemente com Deus.
Fonte: Cristianismo Hoje com o título original de “Precisamos de uma conversação global”; foto do próprio site do Brian McLaren
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