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Coitado do certo

Coitado do certo...
É errado como todos
e pensa que é certo
fazer-se de certo.
Se não fosse tão imprescindível,
daria a vida por ser certo,
por ser justo,
por ser bom.
Coitado do certo.
Não sabe que acaba no céu
como outro qualquer.
A vida lhe é uma competição,
mas não têm adversários,
joga com ele mesmo;
às vezes convida um Deus,
uma moral,
uma verdade,
um senso,
como parceiro.
Coitado do certo.
Não sabe que acaba no inferno
como qualquer outro.
Faz-se de necessário,
como exemplo,
como mártir,
mas não entrega seu corpo,
é mais útil vivo.
Contemporiza.
Fica na sua,
não pode ter inimigos,
não lhe caem bem...
É amigo de todos,
pois trata e trai a todos
de modo igual.
Se arruma discussão,
não dorme à noite...
corre logo pedir perdão;
a culpa é um açoite.
E o perdão não é pelo irmão,
é pela sua reputação.
Coitado do certo...
Não sabe que acaba no limbo
como qualquer outro.
Pondera,
prepondera,
avalia,
reflete,
pesa,
modera,
considera...
Coitado do certo...
Jamais certo coitado
hão de considerá-lo,
pois não desperta compaixão;
leva o cetro da convicção,
e na outra mão
o punhal da palavra;
mais o cinto de respostas
e o capacete de juízos,
vai pra sua guerra.
Coitado do certo,
em cuja presença
não se pode relaxar,
não se pode brincar;
encarcera a espontaneidade;
deixa-se de ser o que se é
se o que se é ele não deixa ser.
 
Coitado do certo...
Não sabe que acaba incerto
como outro qualquer.
Como aqueles que erram;
como aqueles que berram;
como aqueles que inventam;
como aqueles que acertam.
 
Wilson Tonioli em Verticontes

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