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Caminho obstruído

Travelling cyclists at muddy country road photo
No sul do Brasil existe uma cidade chamada Chuí. Esta é caracterizada por sua bi-nacionalidade, uma vez que está na fronteira de dois países, Brasil e Uruguai. A chegada a essa cidade é possível através de uma rodovia que cruza uma reserva ecológica, uma área alagada. Há muitos anos atrás essa cidade sofria com o isolamento, tendo em vista que a estrada que integrava esse povoado ao resto do Brasil ficava obstruída pelas chuvas. O resultado era que os moradores do vilarejo deslocavam-se em direção ao Uruguai e de lá traziam seus mantimentos. Por anos a consciência e a identidade das pessoas que ali moraram seriam profundamente marcadas por esse fato. Eles eram brasileiros de fala e costumes castelhanos, tudo por conta de uma estrada que estava obstruída.
 
A espiritualidade de alguns cristãos é parecida com a vida dos moradores de Chuí: estão integrados no corpo e pertencem a uma nação; no entanto, por viverem em uma fronteira, estão sujeitos às influências de outro país. Isso não acontece por que não existe uma estrada, uma via de comunicação desses com a sua nação – no caso, o céu. O isolamento acontece por que a estrada é precária, é rasa e passível de obstrução; afinal algumas destas pessoas investem mais no vínculo com o materialismo e com o mundo e menos com a sua integração com o Céu. O resultado é que toda vez que sopram os ventos e caem as torrenciais chuvas essas pessoas se encontram isoladas do corpo, sem o suprimento do céu. Se o caminho que nos liga a Deus é Jesus, a trilha que nos mantém comunicados com o seu reino é a oração. Ela é a garantia do recebimento de suprimento, ela é um elemento na formação da nossa cidadania. A oração é a via de integração com Deus, é o circuito de comunhão com o Filho. Permitir que essa via seja obstruída pelo “mau tempo ou pela falta de tempo” é permitir que ocorra a obstrução da via comunicativa com o céu. Mas é importante saber que nunca é de Deus a iniciativa de fechar a estrada, uma vez que ele diz através de Isaías (59:1,2): “...Eis que a mão do SENHOR não está encolhida, para que não possa salvar; nem surdo o seu ouvido, para não poder ouvir. Mas as vossas iniqüidades fazem separação entre vós e o vosso Deus... encobrem o seu rosto de vós, para que vos não ouça.”
 
Fonte: Paulo Saraiva em Rasgando o verbo; foto de Dmitry Naumov em 123 Royalty Free

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