Gostaria de escrever um post sobre O Minha Esperança Brasil, mas como não assisti a nenhum dos programas, acredito que não seria justo da minha parte fazer algum comentário.
Não assisti porque não acredito neste tipo de evento, penso que é feito para não cristãos, mas no final só crente assistem.
Não assisti porque não acredito neste tipo de evento, penso que é feito para não cristãos, mas no final só crente assistem.
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Mas, navegando na blogosfera cristã, deparei-me com dois textos muito bons, um do Teo Victo, do bichoderondonia.com, e o outro do Thiago Bomfim, do blog livrariadothiago.com, e concordo com estes. Por isso deixo o comentário sobre o evento com que viu e tirou suas conclusões do que assistiu.
Depois de uma torrente de anúncios, um Billy Graham décadas mais jovem foi exibido na TV brasileira durante o projeto Minha Esperança. Indo diretamente ao ponto, foi dinheiro demais para relevância e criatividade de menos. O modelo do programa de meia hora seguiu a liturgia padrão de culto evangélico brasileiro, que consiste em algumas músicas, testemunhos e mensagem. Possivelmente nenhum grupo de coreografia se apresentou porque não deu tempo.
Concordo com o Thiago Bomfim que o marketing da campanha foi triunfalista demais. O Evangelho se prega com humildade, mas a gestão brasileira do evento parece ter escolhido seu jargão em algum congresso do G12. Não tenho nada contra o testemunho ou a prática da fé dos evangélicos famosos, influentes e poderosos. Mas não acho interessante pregar a mensagem de Cristo apresentando-o como o deus de Kaká, César Sampaio e Fernanda Brum, o deus de medalhistas olímpicos, o deus dos melhores do mundo, o provedor do sucesso, fortuna e fama dos grandes. Isso nada mais é que uma versão velada e amena da teologia da prosperidade ao apresentar que o deus que fez deles os melhores pode fazer de cada brasileiro o melhor também.
Não é esse o Evangelho. Deus não é um deus de campeões. Ele é o Campeão, Ele venceu, Ele conquistou e nos concedeu, imerecidamente, o perdão e a redenção. Mas na TV não é interessante apresentar o Deus dos analfabetos, assalariados, pequenos, falhos e sem recursos homens comuns. Em dois milênios de cristianismo ainda há quem ache que a fugaz glória dos homens de sucesso é motivo para que alguém resolva seguir a mensagem de Jesus. A infinita Glória divina parece não ser suficiente para se mostrar o Caminho a alguém. É necessária a glória de Kaká, pilotos da stock car e alguns ricos consagrados.
A pregação de Billy Graham, entretanto, não merece crítica em si. Graham é um dos pregadores famosos que consegue manter a simplicidade e o caráter da mensagem da Cruz mesmo diante de um estádio lotado. O problema é ter que empurrar nos lares brasileiros pela TV um antigo discurso de um pregador estrangeiro como se não houvessem milhões de evangélicos coçando suas barrigas em casa. Mais uma vez fica demonstrado que nossas mega-igrejas não passam de detalhes arquitetônicos em nossas cidades.
Não assisti todo o programa em que Franklin Graham pregou, mas também vi que foi exibida uma antiga mensagem dublada. Também não vi todo o filme do projeto, mas entendi que se tratava de uma história de conversão envolvendo um evento evangelístico. Três dias de mensagens descontextualizadas: é esse o grande projeto de evangelização que as igrejas brasileiras unidas conseguem criar? Sei que o núcleo do projeto, com seus lares “mini-estádios” e seus anfitriões “Mateus”, era o evangelismo pessoal através do convite de amigos para assistir os programas na casa de algum cristão hospitaleiro. Mas se há uma coisa que se pode entender facilmente de evangelismo pessoal é que não é necessário gastar tanto dinheiro com propaganda e espaço na TV para ter o alcance pretendido, ou pior ainda, para apresentar programação de baixa qualidade e irrelevante.
Antevendo que alguém dirá que em um lugar onde quase ninguém faz nada não se deve criticar quem faz mesmo que mal alguma coisa, adianto a resposta dizendo que não se pode conformar com essa mediocridade paradoxalmente complexa das campanhas megalomaníacas de evangelismo. Pregar o evangelho é simples em essência. Consiste em mostrar a todos os que estão próximos, com atos e palavras, que há real esperança para os homens, isto é, que existe Graça, perdão e salvação. Se há dependência de meios tão dispendiosamente inúteis para anunciar a Palavra no Brasil temos que, como sugere o Pavarini, admitir nossa falência como cristãos.
Fonte: http://www.bichoderondonia.com/
Depois de uma torrente de anúncios, um Billy Graham décadas mais jovem foi exibido na TV brasileira durante o projeto Minha Esperança. Indo diretamente ao ponto, foi dinheiro demais para relevância e criatividade de menos. O modelo do programa de meia hora seguiu a liturgia padrão de culto evangélico brasileiro, que consiste em algumas músicas, testemunhos e mensagem. Possivelmente nenhum grupo de coreografia se apresentou porque não deu tempo.
Concordo com o Thiago Bomfim que o marketing da campanha foi triunfalista demais. O Evangelho se prega com humildade, mas a gestão brasileira do evento parece ter escolhido seu jargão em algum congresso do G12. Não tenho nada contra o testemunho ou a prática da fé dos evangélicos famosos, influentes e poderosos. Mas não acho interessante pregar a mensagem de Cristo apresentando-o como o deus de Kaká, César Sampaio e Fernanda Brum, o deus de medalhistas olímpicos, o deus dos melhores do mundo, o provedor do sucesso, fortuna e fama dos grandes. Isso nada mais é que uma versão velada e amena da teologia da prosperidade ao apresentar que o deus que fez deles os melhores pode fazer de cada brasileiro o melhor também.
Não é esse o Evangelho. Deus não é um deus de campeões. Ele é o Campeão, Ele venceu, Ele conquistou e nos concedeu, imerecidamente, o perdão e a redenção. Mas na TV não é interessante apresentar o Deus dos analfabetos, assalariados, pequenos, falhos e sem recursos homens comuns. Em dois milênios de cristianismo ainda há quem ache que a fugaz glória dos homens de sucesso é motivo para que alguém resolva seguir a mensagem de Jesus. A infinita Glória divina parece não ser suficiente para se mostrar o Caminho a alguém. É necessária a glória de Kaká, pilotos da stock car e alguns ricos consagrados.
A pregação de Billy Graham, entretanto, não merece crítica em si. Graham é um dos pregadores famosos que consegue manter a simplicidade e o caráter da mensagem da Cruz mesmo diante de um estádio lotado. O problema é ter que empurrar nos lares brasileiros pela TV um antigo discurso de um pregador estrangeiro como se não houvessem milhões de evangélicos coçando suas barrigas em casa. Mais uma vez fica demonstrado que nossas mega-igrejas não passam de detalhes arquitetônicos em nossas cidades.
Não assisti todo o programa em que Franklin Graham pregou, mas também vi que foi exibida uma antiga mensagem dublada. Também não vi todo o filme do projeto, mas entendi que se tratava de uma história de conversão envolvendo um evento evangelístico. Três dias de mensagens descontextualizadas: é esse o grande projeto de evangelização que as igrejas brasileiras unidas conseguem criar? Sei que o núcleo do projeto, com seus lares “mini-estádios” e seus anfitriões “Mateus”, era o evangelismo pessoal através do convite de amigos para assistir os programas na casa de algum cristão hospitaleiro. Mas se há uma coisa que se pode entender facilmente de evangelismo pessoal é que não é necessário gastar tanto dinheiro com propaganda e espaço na TV para ter o alcance pretendido, ou pior ainda, para apresentar programação de baixa qualidade e irrelevante.
Antevendo que alguém dirá que em um lugar onde quase ninguém faz nada não se deve criticar quem faz mesmo que mal alguma coisa, adianto a resposta dizendo que não se pode conformar com essa mediocridade paradoxalmente complexa das campanhas megalomaníacas de evangelismo. Pregar o evangelho é simples em essência. Consiste em mostrar a todos os que estão próximos, com atos e palavras, que há real esperança para os homens, isto é, que existe Graça, perdão e salvação. Se há dependência de meios tão dispendiosamente inúteis para anunciar a Palavra no Brasil temos que, como sugere o Pavarini, admitir nossa falência como cristãos.
Fonte: http://www.bichoderondonia.com/
Comentários
Aos autores do Mural, obrigado pela indicação!
Teo
Já ouviu dizer que só se joga pedras em árvore que dá frutos? O trabalho foi feito, vidas foram restauradas e... as críticas vão sempre existir...Jesus foi criticado durante toda a sua vida nesta terra e hoje não vai ser diferente. Que Deus abençoe vocês!
Ah, as pessoas em casa puderam usar a criatividade? Que bom. Por que os produtores do programa também não usaram?
E não seja pretensioso. Comparar a crítica ao Minha Esperança às críticas a Jesus é dar uma aspecto divino a um evento que não foi adequado à real necessidade de evangelismo brasileira.
Se a palavra de Deus é viva, ela pode ter sido gravada há séculos atrás. O Espírito Santo é quem trabalha na vida das pessoas e faz essa palavra se contextualizar e prosperar. A maior prova disso é a Bíblia Sagrada, e pelo que vi, os pregadores não falaram em outra coisa que não estivesse baseado na palavra.
Tenho certeza que Deus, que sonda cada coração sabe da intenção com que cada um dos envolvidos tiveram ao se engajar no projeto. E vai recompensá-los. Portanto, suas críticas não vão mudar em nada. E o Minha Esperança teve sim um aspecto divino ou vc quer dizer que tudo isso foi coisa do diabo? Se vc for evangélico, é de se estranhar que diga isso. Mesmo assim oro pra que Deus te abençoe e um dia faça vc reconhecer que ninguém é perfeito, cada um faz o que pode para Deus. E tenho certeza que esse pouco, Deus reconhece. Deus te abençoe, Paz.
Eu falo de métodos, e você fala de intenções. Eu falo da conduta de homens, você responde sobre a mente de Deus. Eu falo de coisas objetivas e você me vem com subjetividade. Não há discussão possível desse jeito. Métodos, práticas e condutas estão sempre passíveis de questionamento.
Pra terminar:
1. Não teve aspecto divino além da roupagem "gospel" na coisa. E isso não quer dizer que é do diabo. Simplesmente foi uma parada humanamente falha. Se você enxerga um mundo dualista onde o que "não é de Deus" é "do Diabo", lamento dizer, mas você se dará melhor com filosofias orientais que com o cristianismo.
2. Não pose de espiritual querendo dizer que vai orar por mim quando você sabe que não vai. Não queira sair por cima passando ares de santarrão. É feio, cara!
3. Não há nada que se possa fazer pra Deus. Deixe de ser pretensioso.
1-No mundo espiritual as coisas são vistas com essa dualidade.
2-Oro por você sim, ou isso é impossível pra vc?
Não estou dizendo que sou santo.
3-Há muito para se fazer pra Deus, sim.Em Tiago é dito: Verificais que uma pessoa é justificada por obras e não por fé somente (2:24), e … assim também a FÉ sem OBRAS é morta (2:26).
Gostaria de deixar claro também que não sou religioso, não sou defensor de igreja A ou B, mas acho que temos que ser maléaveis quanto ao que foi feito no Minha Esperança, é preciso que algo aconteça pela primeira vez para ser aperfeiçoado e tenho certeza que não só as suas críticas, mas as de muitas pessoas vão servir de aperfeiçoamento para os próximos projetos que virão. Existe uma série de fatores que nós não podemos nos ater como cultura, condições etc.
Fica na Paz.