Um pensamento recorrente é o de que as coisas que vivemos, sentimos, e fazemos sempre devem ser uma parcela de vida somada a quem somos. Esse pensamento, apesar de fazer sentido, traz consigo o acúmulo de informações, cargas emocionais de diversas classes e valores, variáveis estas que nem sempre mantém seu significado através do tempo. Pensando a respeito do tempo, acabo repetindo o pensamento agostiniano que explicita o tempo como uma variável esgotável, mas que apesar de percebidas as suas dimensões - horas, minutos, segundos… e posições de eventos ou outros pontos de referência, no passado, presente e futuro - só existe no momento presente, onde o ser carrega consigo a experiência aplicável no presente, e pensamentos obsoletos que fizeram sentido, mas que ao longo da experiência temporal o perderam
No presente percebemos também o por vir, e assim criamos nossas esperanças, fundamentando-as na experiência passada. Não existem os tempos passados nem futuros, apenas o presente. E no presente, lembrança do tempo passado, e a esperança do tempo futuro.
Seja lá qual fé é professada, por quem quer que seja, ninguém se isenta da corrosão do tempo e da força e precisão com a qual ele torna obsoleto todo o novo, e passado todo o agora e além.
Por isso levanto hoje uma proposição, talvez agressiva para alguns, mas que é sem dúvida algo praticado de forma inconsciente pela maioria das pessoas e que traz resultados: A destruição necessária.
Para se viver, se destrói. Para crescer, se destrói. Para construir, se desconstrói. Sejam paradigmas, amores, sentimentos quais forem. Amizades tortas, pontos mal definidos; o velho, o sem uso. Já construí relicários para coisas passadas que apenas viraram montanhas a serem carregadas. Quem entende o mínimo de construção, sabe que para se nivelar um terreno para que algo firme seja construído, é preciso remover a terra, coisas que ficam sobre ela, e enfim, posso dizer que, em detrimento do crescimento, nós desconstruimos… e destruímos.
A destruição é necessária para que nasça o novo. Destrua seus medos, manias, maus hábitos, maus costumes… preconceitos… Dê uma chance para o novo, e se não houver espaço, destrua o que não mais tem destino e uso para que haja tal espaço. Coisas que nos põe pra baixo, relacionamentos que nos depreciam, deprimem, devastam… Nada disso, por mais bonito que possa ter sido ou acontecido tem valor real no momento presente, a menos que seja uma memória salutar que te inspire a evoluir.
Já disse e me repito: o passado não é um bom lugar para se viver. E ontem é passado. Certas coisas, especialmente pessoas, mudam com uma facilidade e numa velocidade (eee patropi =P ) tão intensa, que mal conseguimos acompanhar tais mudanças; Num piscar de olhos, tudo já se encontra diferente, e na maioria das vezes sem sentido.
É comum que seja atribuida à destruição características meramente negativas, mas não a vejo exatamente como anátema da evolução e melhoria, embora seja antônimo de construção.
A destruição resignifica valores e traz à tona novas perspectivas (ou a necessidade de que novas perspectivas sejam criadas), e pela história do mundo, na mecânica natural das coisas, da história, percebe-se que toda a evolução foi precedida por certa destruíção, independente de escala.
Não estou dizendo aqui pra você destruir sua casa, seus amigos… estou dizendo que nada nem ninguém é completo sozinho ou por força própria (do meu ponto de vista, nada exceto Aquele que transcende o universo, cuja atemporalidade O isenta dos ciclos de renovação, alias posso insinuar ((afirmando que certamente, hehehe )), embora alguns discórdem, que é Ele quem dá início e põe fim a todos os estes ciclos, porque Ele É, e é O Criador), e que se enganam aqueles que se julgam separados, ou mais especiais que os demais semelhantes, porque estes optam por cegarem a sí mesmos, para deixar de ver que se por um lado você constrói algo com alguém ou alguma coisa, algo foi destruído no processo.
Portanto, destruam e salvem-se a sí mesmos das falsas idéias corruptoras da alma, aquelas que dizem que você consegue tudo por você mesmo. Destrua para trazer significado as coisas. E se a vida é destruída, a cada dia, para que se conclua na morte, viver é também destruir.
Entendam essas coisas como quiserem, mas pensem também que a destruíção aleatória das pontes que se tem com os pequenos mundos ambulantes ao redor (pessoas), é burrice.
Destrua seus medos para que você também viva em paz; destrua uma trégua falsa, que traz sementes de discórdia e que culmina em cismas violentas e frias. Destrua o silêncio ensurdecedor do abandono, e destrua o barulho forçado, para manter as aparências…
A humanidade é viciada e dependente de momentos excitantes. A humanidade pensa que apenas o EU importa. Eu quero te contar uma coisa triste hoje: Você não é tão importante, nem amado, nem inteligente, nem sábio e nem tão saudável quanto pensa que é. E esse seu eu, esse eu “bonzão” que você cria pra se enganar, serve apenas pra que você desmonte seu coração, crie barreiras, queime pontes que suprem-lhe a alma de mantimentos como amor, e só te afasta do único padrão capaz de destruir para trazer vida plena, que na minha opinião e experiência pessoal, é Jesus Cristo. Sua cultura toda pode valer muito hoje, mas hoje em dia a roda (sim a invenção) é “carne de vaca”, e embora um dia no passado alguém tenha conseguido uma namorada bonita por causa dela (caso a roda não tenha sido inventada por uma mulher… né?! vai saber).
Entende a idéia? Vou explicar melhor: Você é alguém que tem vida útil (alguns, vida inútil), e que tem como única certeza o fim. Você é alguém que, embora não tenha a mínima capacidade de mudar o mundo sozinho, mas grande potencial pra mudar o mundo de um outro alguém exatamente tão tosco quanto (você ou quanto eu e nesse caso, põe tosco nisso), e fazer desse mundinho ai, um lugar melhor pra se visitar… e embora as vezes você tire férias no mundo de outro, você jamais vai morar nele, porque assim como você mesmo, esse mundo aí é volúvel, dinâmico, inconstante e tem lugares muito feios.
Entendeu? Ainda não? Se te disseram alguma vez que você é bom, independente de intensidade ou no que seria supostamente bom, quem te disse isso, vê em você traços do que julga bom, por almejar que isso tenha parte em seu próprio mundo. E se alguém te vê assim, acredite, não quer dizer que você seja realmente assim, e o pior é que você sabe disso. Há quem se engane ao acreditar que é um gênio quando ouve tal cumprimento, mas há ainda quem se engane mais, quando ignora essa influência positiva no outro mundinho.
E sabe porque?! Porque pessoas precisam de pessoas. E pessoas costumeiramente querem destruir coisas que trazem diferença às suas vidas. Um exemplo clássico disso é quando alguém, por quem não temos nenhuma afeição (ou como uns dizem ai, uma pessoa qualquer… qualquer como a pessoa que a vê assim), tem afeição por nós e isso nos causa náuseas, porque ainda não entendemos, que embora aquele mundo não nos seja muito atraente, o futuro ainda não foi construído, e se for construído sobre coisas cretinas como a arrogância e o “espiritismo de porco” por alguns aí praticados, o nosso futuro tá na m...
Destrua a arrogância, a falta de compreensão, a falta de carinho, a falta de compaixão. Destrua as coisas ruins, porque embora a destruíção seja assustadora, não é ruim em si mesma… Ruins são as pessoas que não destroem com sabedoria, coragem e com o foco na melhoria dos mundos, das vidas, das pessoas.
Quero te contar só mais uma coisa: O AMOR TAMBÉM DESTRÓI. Porque o amor limpa o que há de ruim, clareia as águas, desobstrui os canais que levam vida aos olhos e ao coração.
Meu anseio é que sejam destruídas todas as partes ruins de cada um de nós, para que aflore o novo, para que o que sobre do passado preste pra alguma coisa… pra que você consiga viver alcançando paz. Tudo o que é restaurado, é antes parcialmente destruído. Sejamos nós também.
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