Outro dia, lendo o livro “Outra espritualidade” do Pastor Ed René Kivitz, me deparei com uma sábia colocação sobre o declínio da religião, onde o mesmo afirmava que estamos seguindo ladeira a baixo. Saímos do cristianismo para a cristandade, da criastandade para o protestantismo, do protestantismo para o evangelicalismo, do evangelicalismo para o denominacionalismo, do denominacionalismo para o comunidadismo, do comunidadismo para o institucionalismo.
“Agora já não falamos em fé cristã, mas de presbiterianismo, metodismo, batistismo, assembleianismo e outros ismos mais. Aos poucos, Deus vai perdendo vela na procissão.
“Agora já não falamos em fé cristã, mas de presbiterianismo, metodismo, batistismo, assembleianismo e outros ismos mais. Aos poucos, Deus vai perdendo vela na procissão.
Não tenho dúvidas de que, em determinadas circunstências, o estilo de vida evangélico é absolutamente distinto do estilo de vida cristão. Uma espiritualidade dissociada da vida e encravada no solo da religião institucionalizada conspira contra os interesses do Reino de Deus e certamente contra as intenções de Jesus de Nazaré ao convidar as pessoas para andar com ele na simplicidade do discipulado, em que os compromissos radicais diziam respeito ao ser, e ser em Deus, o Pai nosso.
Compromissos que não se destinavam a uma instituição, mas ao Reino de Deus; não privilegiam o universo religioso, mas a vida, o mundo, a Terra, e clamavam que fosse feita a vontade de Deus; não sobreviviam às custas de padrões dogmáticos, moralistas e ritualistas, mas no fundamento do perdão e da graça de Deus, possíveis apenas na mesa fraterna onde se reparte o pão, o pão de cada dia, o pão de todo dia”.
(Trechos adaptado do livro “Outra espiritualidade: fé, graça e resistência”, de Ed René Kivitz.)
Concordo com o pastor Ed, pois, não poucas vezes vemos que nossas igrejas geralmente estão mais preocupadas em realizar grandes eventos, que quase sempre de nada contribuem para a vida cristã, do que em repartir o pão e amar o próximo. Geralmente amor pelas almas se reflete em mais membros para nossas denominações.
E sem falar na graça que as vezes passa tão longe de nós, insistimos tanto que Deus haja com graça conosco e esquecemos de agir com graça com o caído, com quem tanto precisa da nossa graça. Estamos esquecendo do maior mandamento cristão, amar a Deus de todo coração e ao próximo como a nós mesmos. Como diz João Alexandre em sua canção “É proibido pensar”:
“Reconstruindo o que Jesus derrubou,
Recosturando o véu que a cruz já rasgou,
Ressuscitando a lei,
Pisando na graça,
Negociando com Deus”.
“A verdadeira graça é chocante e escandalosa. Ela abala nossas convenções com sua insistência de chegar perto dos pecadores e tocá-los com misericórdia e esperança” (Philip Yancey). Que venhamos a não mais pisar a graça com os pés do denominacionalismo e tampouco recosturar o véu que a cruz já rasgou. Vamos subir a ladeira até chegar a graça de Deus, e que essa graça reflita em nós amor e tolerância. Não sejamos meros religiosos, mas sim cristãos.
Tarcísio Paz
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