Pular para o conteúdo principal

Vendo Deus

Todos têm acompanhado pela mídia a situação difícil do povo catarinense.

Em casa, nos mobilizamos e tiramos do armário as roupas menos usadas, os brinquedos já não tão populares e fomos à sede da Defesa Civil para entregarmos o que recolhemos. Ao nos aproximarmos do prédio, notamos uma fila enorme de carros e caminhões e fomos informados de que uma igreja evangélica na mesma rua havia cedido as dependências de seu templo para arrecadar donativos, uma vez que o espaço de que a Defesa Civil dispõe estava tomado, tal a resposta da população, sensibilizada pela tragédia causada pelas chuvas no sul.

Na igreja, fomos recepcionados por um senhor de sorriso largo que, ao ver um saco em minhas mãos, saudou-me com a ‘paz do Senhor’, orientando-me a depositá-lo ali mesmo na portaria. Quando viu que eu carregava outros, chamou-me de ‘abençoado’, à medida que lançava meus pacotes por sobre uma montanha às suas costas. Por fim, convidou a mim e a minha esposa que olhássemos dentro do templo o que havia sido arrecadado até ali.

Nos emocionamos diante de uma quantidade imensa de caixas de todos os tipos, amontoadas aos milhares no salão enorme onde a igreja se reúne. À saída, ele nos indagou: ‘viram a presença de Deus no templo?’.

A caminho de casa, a frase ressoava em meus ouvidos... ‘viram Deus...?’.

Deus a gente não vê. Só enxerga no outro. Sua imagem se materializa em corpos famintos, em olhos fundos, sedentos. E em caixas, muitas caixas.

Tenho lutado comigo mesmo para não ‘empacotar’ Deus em meus próprios conceitos, teologias e devaneios. Ele não se presta a esse tipo de padronização.

Porém, foi bom enxergá-lo dentro de um templo, não no que o pastor, o padre, o pai-de-santo ou o monge diriam a seu respeito, mas embalado em caixas, sacos e pacotes de solidariedade nos quais o amor, que é a sua essência, não tinha rótulos religiosos, mas manifestara-se em gestos concretos de cuidado, interesse e zelo pela vida.

Fonte: Jorge Camargo via Penso. Logo creio.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

William Barclay, o falso mestre

  O texto a seguir foi traduzido por mim, JT. Encontrado em inglês neste endereço . As citações de trechos bíblicos foram tiradas da bíblia Almeida Revista e Atualizada (ARA).     William Barclay, o falso mestre Richard Hollerman Estamos convencidos de que muitas pessoas não percebem o quão difundido o falso ensinamento está em nossos dias. Elas simplesmente vão à igreja ou aceitam ser membros da igreja e falham em ter discernimento espiritual com respeito ao que é ensinado pelo pastor, pregador ou outro "sacerdote". Elas meramente assumem que tudo está bem; caso contrário, o quartel-general denominacional certamente não empregaria uma pessoa em particular para representar sua doutrina publicamente. Esta é uma atitude desgraçadamente perigosa a sustentar, uma que nos conduzirá de forma desencaminhada e para dentro do erro. Alguns destes erros podem ser excessivamente arriscados e conduzirão ambos mestre e ouvinte à condenação eterna! Jesus nos advertiu sobre os fa...

Deus pegou no meu bilau

Bom pessoas e mudando um pouco de assunto, deixo pra vocês um texto muito bom do Marcos Botelho , leia e não esqueça de comentar. É lógico que você ficou escandalizado com o título desse artigo, não era para ser diferente, você é um brasileiro que cresceu com toda cultura e tradição católica latino americana onde os órgãos sexuais são as partes sujas e vergonhosas do corpo humano. Mas não é assim que Deus vê e nem que a bíblia fala do seu e do meu órgão sexual, a bíblia está cheia de referências boas sobre o sexo e sobre os órgãos sexuais, mesmo percebendo claramente que os tradutores tentaram disfarçar. Na narração de Gênesis 2.7 vemos Deus esculpindo o homem do barro, isso foi um escândalo para os outros povos e religiões, principalmente para os gregos que acreditavam que nenhum deus poderoso poderia tocar na matéria, principalmente no barro como um operário fazia. Hoje não temos a dificuldade de acreditar que Deus, na criação, sujou a mão de barro, mas temos tremenda dificuldade d...

O que aprendi com Esaú

Por Gonzaga Soares Gosto dos coadjuvantes da bíblia. Me identifico com eles, não sei ao certo o motivo. Talvez por não estarem sob os holofotes da trama, na qual figuram em plano secundário. Na historia dos gêmeos bíblicos, o foco narrativo é centrado em Jacó, restando a Esaú o papel de coadjuvante na trama de seu irmão. Todos conhecem a historia de Jacó, um relato bíblico cheio de intrigas, trapaças, traições e temor. Desde da primeira vez que li o texto bíblico, simpatizei com Esaú, que diante da traição da mãe e do irmão, sempre demostrou um caráter admirável. E como em um filme ou romance literário em que você torce pelo mocinho, que sofre com as maldades do vilão, eu torcia para que no final da história Esaú desse uma boa sova em Jacó. No entanto, o final da história é surpreendente e contraria todos os romance e filmes, em uma manifestação de pura graça.  Quando Jacó resolve regressar do seu exílio de vinte anos imposto pelo pecado que cometera contr...